terça-feira, 24 de junho de 2008

Quero ser...

Sempre que entro no meu prédio sou obrigado a passar por uma pequena porta antes de começar a subir as escadas. Uma portinha de mais ou menos um metro de altura por meio de largura. Acho que é para guardar uma coisa ou outra para serviços do condomínio. Dou de cara com ela toda vez que dobro o corredor de entrada.

O fato é que, sempre que alguém vai à minha casa, pergunto se alguma vez na vida já assistiu ao filme “Quero Ser John Malkovitch”. A porta é a mesma. Quem entra nela fica por algumas horas vendo o mundo através dos olhos do tal de John.

A portinha aqui do prédio tem qualidades parecidas às do filme. Passando por ela, o cara desce por um túnel semelhante a um cano de esgoto e, em seguida, aparece na mente de um outro. E para que cabeças seria legal ir? Pessoas comuns não têm graça. Nem John.

E se, ao passar pela porta, eu entrar no cérebro de alguém famosão. Chico Buarque talvez. Caminharia no calçadão de Copa Cabana. Não seria nada fácil, todas as pessoas me conhecem e me falam algo, muitas coisas. A grande maioria me olha como se fosse um deus. As pessoas me adoram, algumas olham e não acreditam. Elas acham o máximo.

Entro novamente. Dessa vez vou mais além. Me encontro por detrás dos olhos de Paul McCartney. Estou no meio de uma composição. Pode ser que esteje somente relembrando de alguma canção que nunca coloquei em meus discos na companhia de Linda.

Pensei em várias outras pessoas em que minha portinha seria util. Talvez a maior utilidade dela seria a mesma que foi para o rapaz do filme, vender entradas para viajar na mente de alguém famoso. Isso me renderia uma bela grana, que é sempre bem vinda.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Vocês não vão acreditar!

Tinhamos recém tocado num bar desses de praia. O guitarrista e eu tivemos a ideia de ir até um quiosque comprar cervejas e cigarros, do outro lado da rua. Pedimos e esperamos. Aguardamos o sujeito fazer mais umas 92 caipirinhas e tinhamos o que desejavamos.

Na volta, caminhamos distraídos e um pouco embalados em direção lugar que tocamos, falando da demora da bebida e sobre a apresentação que haviamos feito a alguns minutos atrás. Da beira da calçada chegando ao asfalto, olho pro lado e já estava um carro, um Ka, encostando em meu amigo, à minha esquerda. Caímos e rolamos no chão. O cara até que saiu do carro e falou alguma coisa. Como não entendemos nada o esperto se mandou.

Meu amigo, como um guitarrista legítimo machucou o braço. Eu só fiquei tonto e regado cerveja. Seguimos decididos a chegar novamente ao bar, lá, do outro lado da rua.

Subindo as escadas. Três escadinhas de uns quatro degraus. Uma prum lado, dá a volta, outra pro outro, vira, outra e a porta. Entramos. O resto da banda estava por ali conversando. Aflitos e emocionados, quase aos berros, eles falavam sobre alguma coisa incrível e engraçada.

Perguntamos: Que que tá rolando?

Respondem: "Véio, vocês não vão acreditar. Um carro acaba de atropelar dois magrões, mas bem na hora que a gente tava olhando. Certinho! Mas tchê! Por que vocês estão molhados?!"

Respondemos:"Caras, vocês não vão acreditar!"