quarta-feira, 15 de julho de 2009

GATOS E OUTROS SERES

Frequentemente sonho com os dois cachorros que tive na infância. Entraram para a família praticamente ao mesmo tempo que eu. A última imagem que ficou deles foi a velhice que eles aparentavam, principalmente o mais velho. Quando protagonizam meu sono estão com a mesma aparência. Algumas vezes eles são trocados pelos atuais animais que habitam minha casa, que também não é mais a mesma.

Agora são gatos. Muito diferentes dos cachorros, os bichanos despertam antipatia por muita gente. Confesso que no início também não me confortava conviver com eles.

A convivência parte da pessoa e da sua capacidade de adaptação e tolerância às características dos demais seres. Também vai muito da capacidade que cada um tem de entender e aproveitar as qualidades que muitas vezes estão implícitas. Garanto que os animais, mesmo que inconscientemente, também fazem essa distinção. Com quem eles preferem estar? Provavelmente entre seus semelhantes, mas devem pensar que na falta de algo melhor, vai esses macacos pelados mesmo.

Estes selvagens podem se dar bem com o resto da fauna, até com cachorros. E nós, que vivemos entre os de nossa espécie, não conseguimos nos dar conta de que deixamos de lado nossa capacidade de perceber e aproveitar as qualidades dos outros seres.

Por Beto STone

quinta-feira, 2 de julho de 2009

CRÔNICA I

Sempre que pego um ônibus ou trem, sento-me na janela e fico observando as pessoas que passam por mim, estejam elas na rua ou sentadas ao meu lado. Fico tentando adivinhar seus nomes, para onde estão indo, o que estão fazendo, quais são suas divagações...

Naquela manhã fria, logo que entrei no trem, uma mulher chamou minha atenção. Estava sentada à minha frente, coberta por uma lã vermelha que lhe caía muito bem, contrastando com o negro cabelo e a pele branca. Deveria ter por volta de 30 anos, chamei-a de Luiza.

Luiza lia seu livro sobre espiritismo, às vezes mudava o foco erguendo a cabeça como se tentasse resgatar na memória alguma lembrança. Sorriso abafado. Olhou para o relógio e de repente fechou o livro. Sua expressão mudou quando viu que já eram 7h53, provavelmente estava atrasada, pois a inquietude tomou conta de si. Quando o trem parou, Luiza desceu correndo e suas luvas permaneceram no canto do banco. Já não dava mais tempo, o trem já havia partido.

E Luiza? Acredito que estava atrasada para o trabalho ou para alguma consulta médica. Dias depois encontro-a atravessando a rua, estava de braços dados com o namorado. Eu a avistei de longe e reconheci. Infelizmente o motorista do ônibus não teve a mesma sorte que eu. Luiza tinha 33 anos e dias antes tinha ido ao médico, pois estava grávida de um mês.


Por .lola

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A PIADA É UM REMÉDIO

Foi grande a quantidade de remédios encontrados na casa de Michael. Todas as suspeitas de que ele pudesse ter morrido engasgado com um pé-de-moleque ou comido uma criança estragada e passado mal, foram deixadas de lado. Polêmico como o Michael não poderia ser diferente. Accredito que essas brincadeiras, por um lado, ajudam a amenizar a sensação que fica quando um ícone admirado se vai.

"Estou completamente arrasado com essa trágica e inesperada notícia. Não tenho palavras para o fato de Michael ter sido tirado de nós tão de repente e com tão pouca idade. (...) Eu perdi meu irmão mais novo hoje, e parte de minha alma se junto foi com ele".

Quincy Jones


Por Beto STone