Sempre que pego um ônibus ou trem, sento-me na janela e fico observando as pessoas que passam por mim, estejam elas na rua ou sentadas ao meu lado. Fico tentando adivinhar seus nomes, para onde estão indo, o que estão fazendo, quais são suas divagações...
Naquela manhã fria, logo que entrei no trem, uma mulher chamou minha atenção. Estava sentada à minha frente, coberta por uma lã vermelha que lhe caía muito bem, contrastando com o negro cabelo e a pele branca. Deveria ter por volta de 30 anos, chamei-a de Luiza.
Luiza lia seu livro sobre espiritismo, às vezes mudava o foco erguendo a cabeça como se tentasse resgatar na memória alguma lembrança. Sorriso abafado. Olhou para o relógio e de repente fechou o livro. Sua expressão mudou quando viu que já eram 7h53, provavelmente estava atrasada, pois a inquietude tomou conta de si. Quando o trem parou, Luiza desceu correndo e suas luvas permaneceram no canto do banco. Já não dava mais tempo, o trem já havia partido.
E Luiza? Acredito que estava atrasada para o trabalho ou para alguma consulta médica. Dias depois encontro-a atravessando a rua, estava de braços dados com o namorado. Eu a avistei de longe e reconheci. Infelizmente o motorista do ônibus não teve a mesma sorte que eu. Luiza tinha 33 anos e dias antes tinha ido ao médico, pois estava grávida de um mês.
Por .lola
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3 comentários:
Lolaaaa!!Ficou muito boa tua cronica!!Adorei!!
Muito bom o blog o/
Beijãooo!!
Bela crônica. Gostei mesmo.
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