É impressionante. Como eu sempre falo, quem anda bastante pela cidade, a pé ou de ônibus, vê cada coisa mais maluca.
Indo para o trabalho subi na condução, que não estava nos seus dias mais pontuais. Do ponto eu percebi que viajaria de pé, pois cerca de dez pessoas assim estavam. Cartãozinho na mão e to dentro. Logo vi que eram daqueles carros que tem, à direita de quem entra, uma poltrona de frente para a outra. Sempre me dá a impressão que se não estivessem assim, daria lugar a mais uma dupla de assentos. Assim, seriam oito de pé quando cheguei.
Sentado na janela e virado para a porta, havia um senhor com uma maleta e uma calha daquelas de esconder fios que, de relance pensei que fosse uma bengala para cego.
O sujeito levantou e, quanto mais coisa se tem em mãos, pior fica se locomover pelo corredor do veículo. Chamou-me a atenção que ele parou no meio do caminho que levava na direção da porta, ou seja, parou no meio do corredor. E aí, começou o show!
Buscando a porta de saída, um rapaz com cerca de 18 anos e fones de ouvido, pede licença pro cara. Este responde e o garoto não escuta. O coroa repete e ele saca o fone de uma das orebas, escuta e pára. Não consegui entender o que diziam.
Em seguida, uma senhora tenta fazer o mesmo. O velho pergunta bem alto, sem olhar ela. “Vai descer antes do Rosário?”. A senhora com desconfiança, mas sem perceber a estranheza da pergunta, lhe responde que não. “Então a senhora que espere”, responde o louco. E ela esperou.
Percebeu-se que o cara não deixaria as pessoas passarem por ele até que ele descesse.
Outro senhor, que estava assistindo a cena, como todos nós, forçou uma passagem, e escuta: “O senhor vai descer antes do Rosário?”. “Vou!”, responde o cara. Como não havia outra parada, senão a do Rosário, o piradão repete a pergunta. “Vai descer antes do Rosário?”.
O cara tenta passar na marra. O louco intervém. As pessoas começam a falar todas ao mesmo tempo. “Que desaforo!”, “Que falta de educação!”, “Ele só pode ser louco!”, diziam. E ninguém passou.
Quando chegou a parada, o homem, do meio do corredor, pede para que o motorista “segure”, pois ele agora desceria. Lentamente, e sob uma vai digna de torcida de futebol, caminha pelo bus e desce. De fora do ônibus acena como se tivesse sido injustiçado e que o que fizera fora para ensinar um pouco de educação para aquele povo.
VALEU DOS MEU!