terça-feira, 22 de dezembro de 2009

EDUCAÇÃO É UM DOM

É impressionante. Como eu sempre falo, quem anda bastante pela cidade, a pé ou de ônibus, vê cada coisa mais maluca.

Indo para o trabalho subi na condução, que não estava nos seus dias mais pontuais. Do ponto eu percebi que viajaria de pé, pois cerca de dez pessoas assim estavam. Cartãozinho na mão e to dentro. Logo vi que eram daqueles carros que tem, à direita de quem entra, uma poltrona de frente para a outra. Sempre me dá a impressão que se não estivessem assim, daria lugar a mais uma dupla de assentos. Assim, seriam oito de pé quando cheguei.

Sentado na janela e virado para a porta, havia um senhor com uma maleta e uma calha daquelas de esconder fios que, de relance pensei que fosse uma bengala para cego.

O sujeito levantou e, quanto mais coisa se tem em mãos, pior fica se locomover pelo corredor do veículo. Chamou-me a atenção que ele parou no meio do caminho que levava na direção da porta, ou seja, parou no meio do corredor. E aí, começou o show!

Buscando a porta de saída, um rapaz com cerca de 18 anos e fones de ouvido, pede licença pro cara. Este responde e o garoto não escuta. O coroa repete e ele saca o fone de uma das orebas, escuta e pára. Não consegui entender o que diziam.

Em seguida, uma senhora tenta fazer o mesmo. O velho pergunta bem alto, sem olhar ela. “Vai descer antes do Rosário?”. A senhora com desconfiança, mas sem perceber a estranheza da pergunta, lhe responde que não. “Então a senhora que espere”, responde o louco. E ela esperou.

Percebeu-se que o cara não deixaria as pessoas passarem por ele até que ele descesse.

Outro senhor, que estava assistindo a cena, como todos nós, forçou uma passagem, e escuta: “O senhor vai descer antes do Rosário?”. “Vou!”, responde o cara. Como não havia outra parada, senão a do Rosário, o piradão repete a pergunta. “Vai descer antes do Rosário?”.

O cara tenta passar na marra. O louco intervém. As pessoas começam a falar todas ao mesmo tempo. “Que desaforo!”, “Que falta de educação!”, “Ele só pode ser louco!”, diziam. E ninguém passou.

Quando chegou a parada, o homem, do meio do corredor, pede para que o motorista “segure”, pois ele agora desceria. Lentamente, e sob uma vai digna de torcida de futebol, caminha pelo bus e desce. De fora do ônibus acena como se tivesse sido injustiçado e que o que fizera fora para ensinar um pouco de educação para aquele povo.

VALEU DOS MEU!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

NOVO AMIGO

Sem nada para fazer. Já se passaram semanas e nada encontrei para me distrair. Foi pensando e mascando o tédio que forrava os dias que tive uma idéia.

Estava na casa de uma tia. Fui obrigado a passar ali alguns meses ou anos, quanto tempo precisasse para me restabelecer da briga que tive com meus pais. Como havia saído de casa de qualquer jeito, estava sem meu violão, meu inseparável companheiro. Lembrei que quando jovem, nesta casa tinha um piano velho e todo desafinado.

Lembrei, também, que na calça que eu vestia, ainda estava guardado um pedacinho de LSD que tinha ganhado de presente em uma festa. Não recordava muito bem de quem, nem em que festa tinha conseguido a figurinha.
Calculei que o tomaria e tocaria um piano.
Faria uma música psicodélica, algo bem malucão mesmo. Bike língua abaixo e esperar. Veio vindo, vindo e veio. Ainda em condições de descer as escadas, fui.

O piano tava cheio de poeira. Olhando bem, levei mais de meia hora para lembrar que queria abrir o instrumento. Puxei a cadeira e estalei meus dedos, igual a um profissional.
Nos primeiros acordes minha emoção foi aos céus. Estava quase perfeito. Mas não soava a psicodelia que eu queria. E não era mesmo. Com o efeito do ácido que tomei, o piano, que não produzia som qualquer há décadas, soava afinadíssimo. A droga havia feito com que eu sintonizasse com aquela porra, seja qualquer que fosse a afinação.

Não bem o que eu queria. Mas as quatro da madrugada, quando terminei a obra, senti não estar tão satisfeito. Mas fiquei feliz por ter encontrado um novo amigo. E feliz por termos nos entendido tão bem!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

TEM QUE SER NA BOA

Até o quarto mês de vegetarianismo eu ainda achava que um dos meus principais papeis no mundo era alertar as pessoas daquilo que elas não estavam vendo. Agora tudo que eu quero é não tocar nesse assunto, principalmente em mesas de bar.

Basta dizer que não se come carne para uma chuva de piadinhas caírem sobre o cara. Em seguida, as pessoas ficam sérias e fingem interesse pelo tema. No fundo, porém, só querem te mostrar, e para todos a sua volta, que tu está errado. Fazendo uma grande cagada. As demais pessoas do local fazem o mesmo, são cúmplices, querem ver você ser convencido do "erro" e, ao mesmo tempo, alimentar mais a segurança sobre suas condições de carnívoros. Afinal de contas, nunca lhes passou pela cabeça abrir mão de uma boa comida em troca de uma vida alheia.

Mas são pontos de vista. O que mais me irrita são as pessoas que gostam de bater boca, sobre qualquer coisa. Quando saudável é bacana, sabendo a hora de terminar, coisa e tal. Mas têm uns que, nossa senhora, são verdadeiras malas. Claro que, os bêbados geralmente tem o devido desconto. Estes, que aproveitem a ressaca para refletir sobre todos os argumentos que usou, porque alguém na mesa, balcão, seja o que for, pode não estar no mesmo estado. Essa pessoa prestará atenção em tudo e revidará na próxima rodada.

Mas a real é essa, tem que saber a hora de terminar e não passar do limite que existe entre uma discussão amigável e uma apurrinhação de saco. Esses dias conversei com uma recém conhecida sobre a porcentagem que somos obrigados a pagar para os garçons. O detalhe é que ela trabalhava como atendente e defendia a obrigatoriedade dos, geralmente, 10%. Não concordamos em praticamente nada, mas a discussão ficou no saudável. ACHO.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

PEÇONHENTOS PERDEM

Se foder com piadinhas! Mas é sério que eu, quando criança, tinha fobia de insetos. Desses mais peçonhentos. Ninguém gosta.

A merda foi a seguinte. Ontem, logo depois do trabalho, fui encontrar com alguns amigos roqueiros para um happy hour na Padre Chagas, no Dublin. Chopp vem, chopp vai, e acabamos no Ocipi, na Cidade Baixa. Quem não conhece o Ocipi da boca-de-lobo perfumada? Daí, depois de uma torta de espinafre e várias cervejas, sinto que alguém me cutuca por debaixo da mesa. Procuro o pé alheio e não o encontro. Novamente me chamam a atenção, mas segue oculto, pois quando olho para baixo não encontro o meu interlocutor gestual. Pois, de fato, ele não estava entre os humanos.

Uma barata mediana subia dos meus pés até os joelhos e descia através dos pêlos da perna. Comecei a me soquear, na certeza de que eu estava fodido e que aquela filha da puta ia subir pela minha coxa e depois sabe-se lá para mais onde. Até que, enfim, ela cai tonta no chão. Aquela desgraçada viu com quem ela tava lhe dando. Virou sola do meu sapato. Trituradinha. E é isso que acontece com baratas que tentam me molestar. Isso serve para todos os outros insetos peçonhentos. PORRA!



terça-feira, 20 de outubro de 2009

LENÇOS BRANCOS

Nesta manhã, fomos atrás de outros uniformes para nossa próxima apresentação. Queríamos lenços brancos para pendurar no pescoço e acabamos naquelas lojas de tecido que têm pelo Centro, na Voluntários da Pátria.

Queríamos algo barato, mas com certa qualidade. Achamos a loja e entramos. Rondamos os tecidos brancos, olhamos os preços e falamos sobre quanto deveriamos levar do produto. Ainda com a senha na mão, fomos abordados por uma mulher que nos perguntou o que realmente queríamos fazer com o tecido.

Aproveitamos a ajuda e falamos sobre as intenções para a nossa apresentação, pois éramos músicos. Ela concordou com a cabeça, afirmando ter notado em nosso estilo a inclinação artística. Nos explicou que para três peças, deveríamos comprar um metro de pano, pois ele naturalmente se estendia por 1,40m. Essa quantidade era a ideal. Está feito!

Agradecemos a atenção da pessoa e ela, extendendo o seu “de nada”, nos perguntou o nome da banda. Lhe respondemos, e fomos apresentados. “Prazer, Isabela Fogaça”, disse a ex-estranha.

Eu e meu amigo nos olhamos e:
PORTO ALEGRE É DEMAIS!!!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

NÃO BUZINA PORRA

Foi um cara dentro de um carro buzinar mais forte para que a pessoa que caminhava atrás de mim na calçada se enfurecesse. Fez uma expressão de ódio que parecia que o estavam ofendendo. Também odeio buzinas. Mas achei exagerada a reação do cara que xingava e berrava atrás de mim. Comecei a ficar de cara. Olhei umas duas ou três vezes para trás, pronto para xingar o cara que xingava o outro do carro, quando um carro quase me pegou. Agora era a minha vez. O sangue me subiu a cabeça e eu assumi toda a raiva que aquele cidadão tinha e comecei. “Seu f.d.p! Mas é um b. mesmo!!!”

Quando me dei conta, o cara que antes xingava a buzinada, me olhava com uma cara de espanto como quem diz: “Nossa que cara estressado!”.

A coisa tá feia. O que mais me choca, é que o cara dentro do carro não consegue se colocar no lugar de quem está na rua. Buzina é coisa de louco e machuca os ouvidos da galera, tirando a paciência de qualquer um.

ENFIA NO CU ESSA MERDA!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

MÚSICOS DJ'S

Foi batendo papo com um amigo esses dias que ele me disse que as bandas, em geral, deveriam se juntar aos Disc Jokeys, fornecendo seus discos, pedindo para tocarem e etc. Foi com esse raciocínio que concluí que não somente devem se unir, como devem ter um pouco de DJ no seu interior.

O papel de um DJ não se resume apenas a apertar de dois a três botões por música tocada nas “pic ups”. É fundamental que saiba a hora certa de pôr cada som para rodar, para que a festa atinja pontos altos, podendo variar de médio a altíssimos.

Além do momento chave, em que fica divertindo as pessoas, esse personagem também se dedica a pesquisar novos sons e tendências e é nesse momento que a banda e o DJ deveriam convergir nos seus trabalhos. A diferença de um para o outro, porém, é que o tocador de discos colocas as músicas da nova geração, já o músico, quanto mais escuta músicas novas, mais se dá conta que “os antigos” mandam no que tem de mais sofisticado em termos de criatividade.


Por Beto STone

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O RESTO É RESTO

O Brasil está em festa. Às vezes me impressiono com o meu completo desinteresse pelos esportes. Sou bem capaz de assistir junto com amigos a uma partida de futebol, mas quando torço não é sincero "afu". Raramente faço coro com o resto das pessoas quando algo muito espetacular acontece. Na maioria das vezes nem mesmo sei que foi espetacular.

Não há outra utilidade para as olimpíadas que não seja a projeção midiática que esse tipo de evento alcança, com jogos e mais jogos, para torcer pela nação, coisa que não faz minha cabeça. Dá nada? É a maioria esmagadora mostrando que PRECISA de entretenimento para sumir do difícil desafio que é viver no Brasil. Até 2016 não teremos mais problemas, salvos pelas Olimpíadas e pela Copa 2014 o resto agora é resto!


De qualquer maneira, eu "tô dentro"! Está ótimo, se sobrar cerveja e uns bons pasteizinhos para a data, daí , só resta juntar-se a eles. E vamo que vamo!



Por Beto STone

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

GESTO DE COOPERAÇÃO

Bacana a nova campanha para de trânsito direcionada aos pedestres. Essa de esticar o bracinho para atravessar a rua. Percebo, no entanto, que o efeito está sendo diferentemente eficaz. Sempre achei que os motoristas são muito prepotentes e orgulhosos em relação aos pedestres e daí a eterna problemática entre o “a pé” e o “motorizado”.

O que tenho notado da janela, é que os carros estão parando por antecipação, ou seja, param porque querem e não porque o “pau no cu” esticou sua mão imunda. Outra coisa que me chama a atenção e me preocupa, é a impressão de que os pedestres que aderiram à campanha estejam usando o gesto/instrumento (mão) para uma espécie de revanchismo. “Nós que sempre fomos injustiçados vamos mostrar que o mundo dá voltas!”, pensam.

Não podemos deixar de levar em consideração que as faixas de segurança em Porto Alegre nunca foram resultado de um planejamento. Se levantarmos a mão toda hora, sem pensar que algumas faixas são traçadas "a bangu", sem qualquer intenção de organizar o trânsito, mais uma vez estaremos nos desentendendo uns com os outros. Para isso deve servir essa campanha, cooperação entre pedestres e o motoristas. O motorista parar sempre que der e o pedestre saber a hora de esticar o braço.


Por Beto STone

terça-feira, 11 de agosto de 2009

ATÉ DORMIR

Faltavam pouquíssimos minutos para as onze da noite e eu girava na cama quente e confortável. Sem qualquer motivo, eu decidira dormir cedo e assim o faria a semana inteira. Nessa primeira noite eu estava sozinho no meu quarto. Do meu lado, Vargas Llosa esperava ser aberto mais uma vez. Abaixo dele, muitas revistas dos meses anteriores, sobras da sala de espera de um amigo meu médico, que me prometera doá-las depois de cada mês. Porém, sempre muito ocupado, surje na maioria das vezes com uma pilha delas depois de cinco ou seis meses. Do lado esquerdo, algumas folhas que, se juntas, formavam o jornal do dia.

Nada fácil dormir cedo. Há quase quatro anos a televisão não me diverte. Sentei na cama para me levantar. Com as duas mãos abri a janela sincronizadamente, tipo porta automática de shopping. Deixei a cabeça escapar para o lado de fora e aspirei até preencher todo o espaço que ainda há em meus pulmões. O frio na rua não me intimidava. Assim que calcei os sapatos, agarrei minha carteira, meu casaco, uma manta e as duas últimas palomitas que tinha em casa, artigo que não se encontra há essa hora. Pensei que deveria aproveitá-las da melhor forma.

Batendo o portão do prédio atrás de mim, comecei o que propus a fazer: pensar. Senti-me arrependido. Pensar e repensar. São tantas coisas que para não começar puxei o isqueiro do bolso e acendi a cigarrilha. Na terceira baforada, antes mesmo da primeira esquina, abandonei o cigarro e resolvi aproveitar o vento que batia na minha cara para voltar pra casa.

Vou dormir cedo.


Por Beto STone

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

ELE SE ACHAVA O MÁXIMO

então escrevi isto em sua 'homenagem'...

"Pra que usar a bebida como morfina?
Se você não aguenta sua vida Vazia
Pare de disfarçar, fingindo que tem mil amigos
Se na verdade você está Só
Quando o efeito do álcool passar
e não estiver Ninguém ao seu redor
Abra mais uma lata, beba mais um pouco
e volte a ser o Bobo da Corte
Todos sabem que você Não possui Nada
mas não se preocupe, eles também não!
Você se diz um beatleamaníaco e fala que
o Paul é o seu preferido
Só usa terninho e cabelo moptop para [a]parecer
legal e faz pose cheirando pó
Tudo isso só para ter amigos que
não existem quando amanhece e a festa Acaba."


Por .lola

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

"SE MEGGY MORASSE PERTO EU TERMINARIA COM ESSA TORTURA FACILMENTE"

“baby, dentro de alguns minutos eu vou arrancar essa tua maldita calcinha e te mostrar um pescoço de peru que tu vai lembrar pelo resto da vida até a sepultura. Eu tenho um pênis enorme e curvado. Como uma foice, e muita buceta de respeito já ficou boquiaberta e arfando sobre meu tapete duro e seboso. Primeiro deixa eu terminar esse drinque.”


Charles Bukowski, em Notas de um velho safado


quarta-feira, 15 de julho de 2009

GATOS E OUTROS SERES

Frequentemente sonho com os dois cachorros que tive na infância. Entraram para a família praticamente ao mesmo tempo que eu. A última imagem que ficou deles foi a velhice que eles aparentavam, principalmente o mais velho. Quando protagonizam meu sono estão com a mesma aparência. Algumas vezes eles são trocados pelos atuais animais que habitam minha casa, que também não é mais a mesma.

Agora são gatos. Muito diferentes dos cachorros, os bichanos despertam antipatia por muita gente. Confesso que no início também não me confortava conviver com eles.

A convivência parte da pessoa e da sua capacidade de adaptação e tolerância às características dos demais seres. Também vai muito da capacidade que cada um tem de entender e aproveitar as qualidades que muitas vezes estão implícitas. Garanto que os animais, mesmo que inconscientemente, também fazem essa distinção. Com quem eles preferem estar? Provavelmente entre seus semelhantes, mas devem pensar que na falta de algo melhor, vai esses macacos pelados mesmo.

Estes selvagens podem se dar bem com o resto da fauna, até com cachorros. E nós, que vivemos entre os de nossa espécie, não conseguimos nos dar conta de que deixamos de lado nossa capacidade de perceber e aproveitar as qualidades dos outros seres.

Por Beto STone

quinta-feira, 2 de julho de 2009

CRÔNICA I

Sempre que pego um ônibus ou trem, sento-me na janela e fico observando as pessoas que passam por mim, estejam elas na rua ou sentadas ao meu lado. Fico tentando adivinhar seus nomes, para onde estão indo, o que estão fazendo, quais são suas divagações...

Naquela manhã fria, logo que entrei no trem, uma mulher chamou minha atenção. Estava sentada à minha frente, coberta por uma lã vermelha que lhe caía muito bem, contrastando com o negro cabelo e a pele branca. Deveria ter por volta de 30 anos, chamei-a de Luiza.

Luiza lia seu livro sobre espiritismo, às vezes mudava o foco erguendo a cabeça como se tentasse resgatar na memória alguma lembrança. Sorriso abafado. Olhou para o relógio e de repente fechou o livro. Sua expressão mudou quando viu que já eram 7h53, provavelmente estava atrasada, pois a inquietude tomou conta de si. Quando o trem parou, Luiza desceu correndo e suas luvas permaneceram no canto do banco. Já não dava mais tempo, o trem já havia partido.

E Luiza? Acredito que estava atrasada para o trabalho ou para alguma consulta médica. Dias depois encontro-a atravessando a rua, estava de braços dados com o namorado. Eu a avistei de longe e reconheci. Infelizmente o motorista do ônibus não teve a mesma sorte que eu. Luiza tinha 33 anos e dias antes tinha ido ao médico, pois estava grávida de um mês.


Por .lola

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A PIADA É UM REMÉDIO

Foi grande a quantidade de remédios encontrados na casa de Michael. Todas as suspeitas de que ele pudesse ter morrido engasgado com um pé-de-moleque ou comido uma criança estragada e passado mal, foram deixadas de lado. Polêmico como o Michael não poderia ser diferente. Accredito que essas brincadeiras, por um lado, ajudam a amenizar a sensação que fica quando um ícone admirado se vai.

"Estou completamente arrasado com essa trágica e inesperada notícia. Não tenho palavras para o fato de Michael ter sido tirado de nós tão de repente e com tão pouca idade. (...) Eu perdi meu irmão mais novo hoje, e parte de minha alma se junto foi com ele".

Quincy Jones


Por Beto STone

segunda-feira, 29 de junho de 2009

JACKSON DESPERTOU O INTERESSE DA MUSICA EM UMA GERAÇÃO


Tínhamos recém nos mudado ainda mais para o sul da cidade. No ano que se seguiu, em 1993, minha irmã completava seus quinze anos. Seu presente, um som, e com tocador de “compact disc”. Das pessoas que eu conhecia, com meus dez anos de idade, pouquíssimas tinham em casa um tocador de Cd.

O presente foi um presente para todos que na casa viviam. Minha irmã, não sei se prevendo qual seria o seu regalo, já tinha no quarto dois Cds, da Janis, que estavam gravados e rodando em fitas. Eu também queria participar dessa. Foi então que comprei meu primeiro disco de música, o Dangerous de Michael Jackson. Gostei tanto que comprei em seguida mais alguns do cara. Nesta época, o Jackson viva o segundo “boom” da carreira, e eu vivia com isso na cabeça. Passando alguns meses e alguns ensaios, lá estava eu, dançando e dublando o astro, na sala da minha casa para minha família. Com o tempo descobri que muitas crianças, hoje adultos, gostariam de ter sido Micheal Jackson, com sua dança e voz.

Os pais passam por cada uma com as fases de seus filhos. Mas para a surpresa deles, essa característica eu trouxe comigo até a idade adulta. O gosto pela música, acredito, foi uma surpresa relativa, já que meus pais sempre gostaram muito de música. Também, aos poucos, fui gostando mais do Michael de Quincy Jones, ali sim, não há dúvidas de que ele mandava.


Por Beto STone

terça-feira, 23 de junho de 2009

BRACINHO DE COBRADOR

É bem comum cobradores de ônibus darem uma força para o motorista quando este quer mudar de faixa na pista. Eles põem o bracinho para fora e ficam abanando para o ar.

O cara hoje fez uma cagada. O ônibus tinha que dobrar à esquerda e, com o seu enorme tamanho, precisava que ninguém passasse ao seu lado direito para, assim, conseguir fazer a curva. E lá foi mais um bracinho estendido para o ar. No entanto, o carro preferiu passar para que depois executasse sua manobra.

Acontece que um outro carro, vindo da própria esquerda, resolveu seguir adiante uma vez que o cobrador, confiante com o seu bracinho, estava seguro que tinha contido o progresso dos carros que vinham a sua esquerda.

Bateram com tudo. O que estava na nossa pista tinha a preferencial e o outro não. Se ralou. E o bracinho, só atrapalhou.


Por Beto STone

terça-feira, 9 de junho de 2009

NOVELA

Notícia: Um avião que caiu na puta que pariu afastou monstros como a gripe suína e a febre amarela.

A imprensa enche o saco com uma pauta e demora para largar. Até agora encontraram 28 corpos, mas ainda faltam duzentos. Sendo assim, essa história ainda vai durar uns bons dias pelo cálculo que faço. Afinal, é papel das autoridades encontrar todo mundo que estava naquele avião, o da imprensa, infelizmente, é fazer com que acreditemos que isso realmente é importante. A gente acaba incorporando esta história nos nossos dias, e nem chegamos a nos perguntar por que sentimos tanto pelos passageiros que estavam a bordo.

Não sei se a imprensa francesa está errada no que se refere a divulgação das buscas feitas naquela região. Afinal de contas, não sabem ainda o que aconteceu para aquela gente acabar daquele jeito. Só vimos e ouvimos um filme hollywoodiano baseado em fatos reais.


Por Beto STone

quarta-feira, 3 de junho de 2009

TE LIGA MAGRÃO

Pego ônibus todo o dia quando vou e volto do trabalho. A gente sabe que transporte coletivo permite o contato com o mais variado tipo de pessoas. No inverno a aproximação é ainda maior. Vidros fechados, pessoas grandes de roupa e afetadas pelo tempo gelado.

Na primeira parada do centro da cidade, as pessoas se amontoam na fila formada ainda dentro do ônibus, para saltar fora. Os mais apressados esperam de pé desde a parada anterior. Estes, por sua vez e pressa, são os primeiros a ganhar a rua.

Desconfortável é, mas não para todos. Ontem, um magrão ficou bem no meio da galera, estrategicamente atrás de uma senhora idosa. Alguns segundos bastaram para que outra senhora advertisse a velhinha e a todos que a sua bolsa estava aberta, ou melhor, sendo aberta. E ela se vira para o cara.

O senhor estava abrindo, não foi?

Claro que era o cara. Mas para a sorte dele não deu tempo para pegar nada. A saída do cara foi o mais incrível. Chamou a outra de louca e pediu para que ela o processasse se tivesse tanta certeza, o que ela, com certeza, tinha. O maluco se virou para a idosa e lhe perguntou se algo lhe faltava. Mas estava tudo em ordem.

Neste mau tempo, quando nos cobrimos com grandes e gossos casacos, enchemos os bolsos de coisas. E eles enfiam a mão.


Por Beto STone

terça-feira, 2 de junho de 2009

"OS" DO NOME

Não existe profissão no mundo que não passe por percalços no caminho. São vários e muito distintos e, varias vezes, inusitados. Claro que com Os Efervescentes não acontece diferente. Desde muito cedo enfrentamos um problema bem interessante.

A história é que nós, acostumados com o nome da banda, percebíamos que algo era repetido todas as vezes que o publicavam em algum cartaz, revista, site, etc. Notamos que as pessoas não sabiam escrever o nosso nome. Foi aí que nos demos conta que se trata de uma palavra que quase nunca escrevemos e pouco falamos. Resultado: O “sc”,que dá meio campo à palavra, nunca aparecia.

Descobrimos também, que as mesmas pessoas e outras que iam aparecendo em nossa história, com o tempo, pioravam a grafia da palavra. Neste ritmo, as coisas foram piorando de tal forma, que os sujeitos começaram a escrever como lhes vinha à mente. E acredite, já nos foi apresentado das mais inimagináveis formas. Algumas absurdas e difíceis mesmo de acreditar, como Os Efervcentes, Os Erfevecentes, Os Efervercentes, e por aí vai. Quando achávamos que tudo estava perdido, foi quando o problema ficou ainda pior. O “Os” aos poucos foi se entregando e sumindo.

Faça você mesmo um teste com seus amigos. Dê-lhes algo para escrever e sugira que grafem a palavra EFERVESCENTE. Pague uma cerveja para quem acertar e brinde. Mas não se esqueça. Essa é a palavra sozinha. Para escrever corretamente, ela deve estar acompanhada do “Os” e possuir “sc”.


Por Beto STone

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

UMA MENTE BRILHANTE


Fechei o porta-malas do carro com a chave dentro. Porra, mas também. Todo mundo já deve ter visto alguma vez na vida, aqueles carros que a porta de trás só abre quando o cara torce a chave, levando o sujeito a sempre que quiser abri-lo, torcê-la novamente. Só não pensaram que se, de repente, por um acaso, um azar, uma distração, a porra da porta for fechada com a porra da chave dentro, provavelmente será tão difícil para você abrir o carro quanto para um ladrão.

Está cada vez mais difícil entrar em carros. Foi o que o chaveiro falou quando prestou socorro. A modernidade tem dessas coisas. Para não ter o trabalho de violar o carro de alguém, os rapazes agora vão até as sinaleiras. Ali, com o vidro aberto ou não, os bandidos tem a possibilidade de pedir "gentilmente" que passe o carro e tudo que nele tem.